quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Contos Cunhescos

 CONTOS CUNHESCOS


 O HOMEM QUE MATOU O CRÍTICO

 O Teatro era velho, caindo aos pedaços, com gotas que exigiam baldes em dias de chuva. Infiltrações diversas, cadeiras duras e desconfortáveis, um palco derrubado, as coxias necessitava    m de reparos e o pequeno camarim, lotado de entulhos, estocando coisas sem importância.

 O proprietário pensava em derrubá-lo, porém aguardava o interesse de uma igreja evangélica em aluga-lo.

 Neste local, Mani Thomas um ator mediano, underground, decidiu realizar seu primeiro monólogo.

 Locou o espaço por uma pequena temporada de uma semana, conseguiu o suado dinheiro para o local com recursos minguados, oriundos de seu esforço em passar o chapéu nas ruas, fazendo um número rápido de humor, encenando uma personagem menor da Dell’ Arte e ou recitando poesias.

  Fez alguns eventos e se preparou durante anos para este espetáculo, cujo texto preparado por si e ensaiado só, estava pronto para alavancar a famigerada carreira que carregava nas costas.

  Conseguiu fazer um simples cartaz, com maquinário de jornal antigo, por um valor irrisório e alguma faxina que fizera no salão da gráfica.

  Com estes, colou-os nas ruas em postes, tapumes, com cola feita com água e trigo. Através destes, conseguiu míseros patrocínios, de restaurantes, de botecos, de mercearias, onde pode confeccionar um simples figurino e ter como se manter para se concentrar na peça que estrearia.

  Não teve recursos públicos, burocracia não era com Mani, preferiu fazer com as próprias forças, numa espécie de artesanato social, onde somente o teatro pode proporcionar em sua essência.

  Tentou divulgar a peça em um jornal, mas a editora cultural recusou, julgou ser muito marginal ou pobre, não diria em público! Ou operário demais para ser visto por gente que mais consumia o que a indústria produzia, do que conhecia a produção desta, seja a própria indústria, suas máquinas, sua carne sofrida e seu chão de fábrica.

  Desse modo procurou com o pouco dinheiro que lhe restava, comprar um pequeno anúncio do jornal no caderno cultural.

  Era impossível, seus trocados não seriam suficientes. No entanto, o anunciante lhe explicou sobre um pequeno anúncio mais em conta, por um preço menor, seria na página fúnebre, de anúncios de falecidos.

  Sem opção, Mani aceitou, comprou o pequeno anúncio, contando seus trocados e ali com dificuldade anunciou enfim a sua estréia;

                               A MORTE DO CRÍTICO

                                 MANI THOMAS

       SEX/SAB/DOM AS 20 HS – TEATRO DO COMEDORME

  Feito assim, aguardava algum público, um amigo de longa data pouco afeito à cultura, porém solícito à Mani, topou em ficar na bilheteria.

  As 20:30 já haviam vendido três bilhetes, o que acharam pouco, porém suficiente para dar início ao espetáculo.

  Entre os cavalheiros e uma dama, chegou um senhor bem-vestido, portando uma pasta, era um homem que passava dos cinquenta, com todas as características da idade, era a cima do peso, levemente obeso, careca, olhar altivo, branco e trajava um terno bege.

  Este senhor pediu para entrar gratuitamente, pois seria da imprensa. O amigo de Mani se assustou e pensou se tratar de um agente da polícia, desse modo o deixou entrar sem reclamar.

  Tratava-se de Gil de Almeida, crítico voraz do jornal onde Mani pobremente anunciou seu espetáculo, o que o chamou a atenção foi o fato inusitado do anúncio de teatro junto ao mortuário.

  Almeida sempre lia essa seção, para verificar se conhecia algum falecido, era comum fazê-lo, ou para ver se estava na prateleira a morte, com pessoas de sua idade morrendo. Era um hobby mórbido, mas do qual não conseguia largar. 

  Como era um crítico cultural respeitado, decidiu ir ver a ousadia deste ator ao se lançar neste monólogo.

  O Teatro era deplorável, mas tinha a eterna fama de ter certa feita, recebido a atriz medalhona da TV, Irene Rios, eterna musa das novelas. O que houve é que Irene passou pela cidade e curiosa foi ver o Teatro e deu uma palhinha.

  Nada demais, mas para os mortos-vivos de fome de mídia da sociedade atual, foi um evento eternizante.

  Mani Thomas começou seu monólogo, choveu e começou a pingar, era um texto forte, porém pegava, o pobre ator mesmo cansado, fizera de tudo para dar o melhor de si.

  Almeida se manteve educado, assistiu até o fim, ao terminar cumprimentou Mani e prometeu escrever sobre a peça em sua coluna no jornal.

  Mani ficou feliz com os míseros resultados de sua estreia, pequenos, porém válidos.

  Entretanto Gil de Almeida no outro dia escreveu sua crítica e simplesmente destruiu o pobre Mani Thomas.

  Dizia:

       “ O texto é primário, a atuação é mal executada e nem sempre de bom gosto”

  Mani leu e se irritou, vendeu alguns penduricalhos e comprou um velho revólver, ao amigo disse se tratar de um objeto de cena.

  Na outra noite, nova apresentação da peça e eis que Gil de Almeida reaparece sarcástico, queria ver a cara do ator após defenestra-lo.

  No fundo era um invejoso, ardiloso, sem talento e usava o cabedal de seu pai para ser um opressor, destrutivo e crítico.

  Mani abriu o monólogo, mais pessoas presente, 7, além do crítico.


  Mani se aproximou do público no palco despedaçado, arrancou da cinta uma cuspideira. Uma velha arma, garrucha com dois tiros, apontou para Almeida que pensou se tratar de uma performance. Blasé, ignorou, arregalou os olhos, petrificou, suou e morreu.

  Mani disparou os dois tiros disponíveis e matou o crítico, fazendo com que sirenes e público disparassem.

   A morte do crítico encerrou o ato e ocupou páginas de jornais. Mani Thomas nunca foi encontrado, está em local incerto e não sabido, informava o pleonasmo nos jornais, onde Almeida ancorava.

                                               Fim 

  

  

  

  

  

     

                


domingo, 10 de dezembro de 2023

RICARDO CUNHA CANTOR

 FELIZ 2024



sábado, 4 de novembro de 2023

Ricardo Cunha Show Influxo

 Últimos shows do ano! Bora lá!!!



Info: Whats app: 19 - 99769 9642

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Alma Pura - Single novo 2023 - Ricardo Cunha

 https://youtu.be/-2Xy3QqWOfs


domingo, 6 de agosto de 2023

NFT RICARDO CUNHA - AGOSTO/23


 NFT- RC

NFT ORIGINAL RICARDO CUNHA - CARICATURA

AGOSTO 23

VALOR: R$ 5.000,00

PIX: athenascontatos@gmail.com

envio digital e físico com moldura.

contato: propulsora@gmail.com

quinta-feira, 8 de junho de 2023

RICARDO CUNHA - TOUR 2023


 RICARDO CUNHA - TOUR 2023

SHOWS: 19 99769 96 42 - WHATS APP

propulsora@gmail.com

Cantor, Ator.

sexta-feira, 5 de maio de 2023